/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2025/w/e/X1lACfTt6eolAKTT8kHQ/gettyimages-2197419739.jpg)
Nem meditação, nem yoga: este é o pequeno hábito que me deixa menos sobrecarregada (e mais feliz)
Micro celebrações da vida cotidiana são uma forma de liberar serotonina e cuidar do cérebro.
Por
Ana Morales para Vogue Espanha
26/10/2025 04h01 Atualizado agora
Troquei a cafeteira automática pela tradicional italiana. E, não, não é exatamente porque goste mais do sabor que ela proporciona ou porque agora eu beba menos café. O motivo dessa mudança é que passei a iniciar o meu dia diferentemente. Em vez de apertar o botão para moer o café em questão de segundos (ao custo de um barulho horrível), preferi voltar ao ritual antigo, aproveitando o aroma da cafeteira silenciosa. Muito silenciosa. Sim, o aroma do café tomando a cozinha é uma daquelas pequenas coisas que me fazem feliz. Parece poético, mas é real. Muito real. E, embora a cafeteira superautomática para a qual eu economizei faça meu café num piscar de olhos — cumprindo seu papel —, ela me incita a ativar o piloto automático muito antes de sair de casa. A verdade é que mantê-la desligada é uma maneira de encontrar a felicidade.
Embora esta história possa parecer um tanto retórica — e até absurda para aqueles que se beneficiam dos avanços tecnológicos —, é apenas um exemplo de um exercício recomendado por psicólogos. Precisamos valorizar o cotidiano, celebrar pequenos gestos habituais, dar sentido às rotinas e parar de viver no modo de espera (seja pelo fim de semana, feriado prolongado, férias etc). Essa pausa em que você toma consciência das coisas e desacelera — fazer tudo com calma também envia uma mensagem muito positiva ao cérebro — está ajudando a me sentir menos sobrecarregada. Da mesma forma em que estou tentando valorizar o aroma da primeira xícara de café, este exercício pode ser explorado de infinitas maneiras: em uma conversa com um colega, fazendo uma pausa para o almoço longe do computador, acompanhando uma série favorita todas as noites…
Apreciar as pequenas coisas regula o sistema nervoso e reduz os níveis de cortisol
sistema nervoso e reduz os níveis de cortisol
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2024/h/X/BjZeXcT1AwE0yAKdpnvA/captura-de-tela-2024-09-24-as-17.28.27.png)
Cada vez em que tornamos o cotidiano extraordinário, reduzimos nossos níveis de cortisol. É o que Brenda de la Peña, psicóloga e CEO da plataforma de saúde holística Comprensión, explica. “Do ponto de vista psicológico, celebrar as pequenas coisas não é um gesto insignificante: é uma forma de regular e cuidar do nosso sistema nervoso. Quando associamos alegria ou realização apenas a grandes momentos, submetemos o corpo a um ciclo constante de picos e quedas de cortisol. Nos acostumamos a viver em modo de espera, como se o bem-estar fosse uma meta futura e não uma experiência disponível agora”, diz.
Os benefícios de realizar as tarefas do dia a dia calmamente
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2022/W/q/x8jVmJTEGVtt5uTSwy8g/2021-10-28-joie-de-vivre-2.jpg)
Na ânsia por fazer tudo, normalizei a correria, mesmo sem pressa, acreditando que, dessa forma, irei "economizar tempo" e conseguirei riscar todas as tarefas da minha lista. No entanto, desde que parei para apreciar o prazer de certas tarefas do dia a dia, passei a me sentir mais relaxada e focada. Apreciar as pequenas coisas poder começar com algo tão simples quanto desacelerar o ritmo interno. Quando o corpo e a mente estão em modo de sobrevivência (com altos níveis de cortisol e a mente pensando no que vem a seguir), torna-se impossível perceber o prazer do presente. E, em geral, tendemos a ser mais eficientes quando estamos calmos, porque realizar as tarefas com pressa aumenta a probabilidade de erros e de resultados ruins. Por vezes, somos forçados a refazer algumas tarefas, e isso acaba levando mais tempo do que se tivéssemos feito tudo em nosso próprio ritmo desde o início. Portanto, o primeiro passo é introduzir mudanças fisiológicas graduais e suaves: respirar mais lenta e profundamente, descansar sem culpa e comer com atenção. "O cérebro só consegue registrar prazer quando se sente seguro", explica Brenda de la Peña.
Como treinar a atenção plena no seu dia a dia
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2025/Q/Q/H7jVKgQsaaCgI5WB4Q8A/gettyimages-2233227974.jpg)
Segundo Miren Eguiara Arrázola, psicóloga e terapeuta do Instituto de Psicologia Claritas, é possível sair do piloto automático treinando a atenção plena no seu dia a dia. “Para isso, é preciso fazer pausas conscientes ao longo do dia, prestando atenção no sabor de uma xícara de café ou no riso de alguém próximo. Dessa forma, treinamos nosso cérebro para detectar prazer no cotidiano. Construir rituais diários simples e repetidos ajuda a ancorar nossa vida diária e nos dá estrutura emocional, explica ela. A psicóloga diz que é preciso focar no trabalho invisível e, ao mesmo tempo, ser grata pelas pequenas alegrias da vida. Cada um pode encontrar sua própria maneira de fazê-lo, mas, a seguir, estão alguns exemplos de como treinar o cérebro para detectar prazer no cotidiano.
- Prestar atenção no sabor do café
- Ver a casa arrumada
- Conversar com amigos
- Cumprimentar um vizinho que não vê há algum tempo
- Ir à academia com amigos e curtir a conversa no caminho para casa
- Acender uma vela ao final do dia
- Ouvir uma música que gosta
- Aproveitar o fato de ter realizado o que se propôs a fazer hoje
Esta matéria foi originalmente publicada na Vogue Espanha com o título: Ni meditación, ni yoga. El pequeño hábito que me ayuda a estar menos superada (y menos feliz).
Fonte:https://vogue.globo.com/wellness/noticia/2025/10/nem-meditacao-nem-yoga-este-e-o-pequeno-habito-que-me-deixa-menos-sobrecarregada-e-mais-feliz.ghtml
Comentários
Postar um comentário