
Terapia Cognitivo-Comportamental e Mindfulness

A Terapia Cognitivo-Comportamental, desde a sua origem, vem a ser considerada como uma modalidade de tratamento muito eficaz nos mais variados tipos de perturbações psicológicas. Este tipo de terapia prevê a possibilidade da utilização de várias técnicas e “ferramentas” que complementam e auxiliam a ação do psicólogo, nomeadamente a prática de mindfulness.
A atenção plena ou mindfulness, segundo Goleman e Davidson (2017), é um dos métodos de meditação mais utilizados e divulgados no mundo ocidental, dentro de uma ampla variedade de métodos. Alguns especialistas utilizam o termo mindfulness para definir todo e qualquer tipo de meditação. A prática de mindfulness deriva da filosofia oriental budista, sendo considerada uma das técnicas de meditação mais antigas da Índia. Na filosofia oriental, a atenção plena pode ser definida como uma qualidade mental adquirida e cultivada através da prática da meditação com o intuito de se chegar a um desenvolvimento psicoemocional e espiritual. A meditação, é portanto, uma “ferramenta” capaz de produzir uma conexão completa entre a mente, o corpo e o espírito (Goleman & Davidson, 2017). Meditar é sentir a respiração, com a atenção plena ao que está a acontecer no momento presente, observar e aceitar sem julgamentos as experiências internas, sem avaliar ou tentar modificá-las.
O Mindfulness tem sido cada vez mais utilizado pelos profissionais de saúde nas suas intervenções terapêuticas, com o objetivo de melhorar a saúde física e mental dos seus pacientes. Assim, esta técnica de meditação tem sido integrada em práticas clínicas contemporâneas, principalmente na Psicologia e na Medicina. Considerando que a atenção plena é um estado mental, um conceito psicológico, e também um conjunto de técnicas ou exercícios mentais, esta pode ser treinada através de técnicas ou exercícios meditativos e psicoeducativos, os quais constituem um elemento fundamental do plano de intervenção psicoterapêutica. Na perspetiva das neurociências e da neuropsicologia, as práticas de mindfulness podem produzir efeitos benéficos na saúde mental e física do indivíduo, modificando o funcionamento do cérebro, aumentando as atividades no hemisfério esquerdo e a neuroplasticidade, conduzindo a uma desaceleração do envelhecimento cerebral. O desenvolvimento de competências cognitivas como a memória e a perceção sensorial e a capacidade de foco e raciocínio, podem também ser potenciadas pela prática de mindfulness (Goleman & Davidson, 2017).

Através da prática de mindfulness torna-se possível aprender a lidar com os pensamentos, tendo consciência suficiente para conseguir observá-los quando surgem, sendo possível atingir uma mudança na forma de se relacionar com estes eventos cognitivos, através da perceção dos pensamentos não como informações objetivas e verdadeiras, mas como produções subjetivas. Assim sendo, a prática contínua da meditação tem por objetivo estimular o processo de metacognição no qual são trazidos para a consciência a dinâmica dos pensamentos, sentimentos e comportamentos a eles associados (Hofmann, 2014). Metacognição, de acordo com o mesmo autor, é a cognição da própria cognição, ou seja, é tomar consciência do próprio processo cognitivo. Vários autores enfatizam que na prática de mindfulness, gradualmente os indivíduos aprendem a trabalhar com emoções negativas num contexto metacognitivo, permitindo a diminuição de julgamentos prévios em situações sociais, gerando consequentemente uma maior consciência nas tomadas de decisão e na apresentação de comportamentos mais adaptativos.

Atenção plena ou mindfulness pode definir-se como um estado mental, cuja principal característica é a autorregulação da atenção focada para o que se está a experienciar no momento presente. A prática de mindfulness permite ajudar a contrariar o funcionamento em “piloto-automático”, ou seja, sem plena consciência dos acontecimentos e ações. Evidências científicas demonstram que as práticas de meditação podem auxiliar no desenvolvimento das funções cognitivas e também das funções executivas. Através do uso da meditação mindfulness como uma ferramenta terapêutica, é possível estimular as capacidades cognitivas do paciente, permitindo benefícios em perturbações como a ansiedade, a depressão, a dor crónica, entre outras, promovendo o aumento do bem-estar físico e psicológico do indivíduo.

A prática de mindfulness apresenta alguns pontos de convergência com os mais variados tipos de abordagens psicoterapêuticas, como por exemplo a Gestalt, a Psicologia Positiva e as Terapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração. Levando em consideração os princípios fundamentais da Psicologia Positiva, vários estudos nesta área apresentam contribuições para a psicologia clínica, redirecionando o foco das pesquisas e intervenções, para os fatores de proteção e prevenção em saúde e para os aspetos saudáveis do desenvolvimento humano. Estes aspetos positivos incluem a resiliência, o bem-estar subjetivo, o otimismo, a felicidade, a esperança, a autoestima, a criatividade e a espiritualidade. A importância da valorização dos aspetos positivos da subjetividade humana, da aceitação, da compaixão, da gratidão e das emoções positivas, pode ser muito significativa para a manutenção da saúde mental e para um desenvolvimento adequado e adaptativo do indivíduo, sendo assim reconhecida a importância do mindfulness e da positividade, na abordagem aos problemas psicológicos.

Fontes:
Goleman, D., & Davidson, R. J. (2017). A ciência da meditação: como transformar o cérebro, a mente e o corpo. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva.
Hofmann, S.G. (2014). Introdução à terapia cognitivo-comportamental contemporânea. Porto Alegre: Artmed.
Fonte:https://gracindapsi.com/2022/03/04/terapia-cognitivo-comportamental-e-mindfulness/

História da Mindfulness Psychology – a 3° Corrente da TCC
Conheça neste artigo a história do desenvolvimento da Mindfulness Psychology – a 3° Corrente da Terapia Cognitivo-Comportamental
Olá amigos!
As descobertas que vamos fazendo quando começamos a estudar um novo campo de estudos são fascinantes! Por exemplo, quando comecei a estudar a psicologia cognitiva de Aaron Beck – e que é uma das vertentes da chamada terapia cognitivo-comportamental – descobri que as pesquisas iniciais de Beck sobre depressão haviam começado tentando provar as teses de Freud sobre luto e melancolia!
É incrível descobrir informações deste tipo porque na faculdade de psicologia vemos as “briguinhas” bobas entre as abordagens.
Outra surpresa para mim foi descobrir que a Mindfulness Psychology é incluída como a terceira corrente das psicologias cognitivo-comportamentais. No princípio dos meus estudos, simplesmente, não vi muita relação, mas tenho passado a entender cada vez mais a ponte que pode ser feita de uma psicologia cognitivo-comportamental baseada em Mindfulness.
História da Mindfulness Psychology
Segundo consta, o médico John Kabat-Zinn tinha experiência com praticas meditativas budistas da linha Theravada, a linha considerada mais antiga e tradicional. Percebendo o sofrimento dos seus pacientes com dores crônicas e stress devido à doença, ele criou um programa que incluía praticas meditativas.
Importante notar, Kabat-Zinn retirou toda conotação religiosa e, deste modo, orientava os seus pacientes apenas a fazer as praticas que, nesse sentido, não necessitam mesmo de se acreditar em Buda, reencarnação, Karma, etc.
Por exemplo, uma das técnicas mais utilizadas consiste em observar atentamente a respiração por períodos de 3 minutos até 45 minutos ou 1 hora. Não é necessário acreditar em nada relacionado ao budismo. Basta praticar um pouco para perceber o funcionamento da própria mente: as divagações pelo futuro ou passado, a evitação de experiências classificadas como ruins (uma coceira, uma dor), os estados emocionais, a mudança constante de sensações…
Com as experiências de aplicação destas praticas meditativas em um contexto laico e com fins de saúde, ficou comprovado empiricamente (e através dos relatos dos pacientes) que o programa de Kabat-Zinn funciona para diminuir o stress, a ansiedade, a dor, ao ampliar a capacidade do paciente de voltar a sua atenção – sem julgar – para o que está acontecendo aqui e agora.
O programa de Kabat-Zinn chamado de MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction) é em grupo e tem duração de 8 semanas, em virtude do limite de tempo dos planos de saúde americanos. De toda forma, o padrão de 8 semanas têm sido seguido no mundo a fora.
Passemos agora para a história das terapias comportamentais.
Terapias comportamentais e Mindfulness
Segundo o artigo de Luc Vandenghe e Ana Carolina Aquino de Souza, intitulado Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais:
“O movimento da terapia comportamental conheceu três ondas. Na primeira, o modelo clássico pautado na teoria pavloviana, técnicas de exposição dominam o tratamento. Representantes atuais da terapia comportamental clássica, como os programas de tratamento para transtornos de ansiedade usando exposição ao vivo, têm apoio empírico importante (Eysenck, 1994)” (Vandeberghe, 2006)”.
Sobre a segunda corrente ou linda da TCC, dizem os autores:
“A segunda onda se caracterizou pelo modelo cognitivo racionalista, com base em processos psicológicos mediados por sistemas de crenças subjacentes. São as terapias cognitivo-comportamentais argumentativas, cuja área de aplicação mais tradicional é a dos transtornos de humor ” (Vandeberghe, 2006).
Nesta chamada segunda onda, podemos incluir os trabalhos de Aaron Beck sobre depressão, que elucidaram a importância dos pensamentos e das crenças na eliciação de estados emocionais (negativos ou positivos).
“A terceira onda prima pela procura de epistemologias alheias, como o construtivismo cognitivo, releituras contextualistas do behaviorismo radical, ou vários novos modelos cognitivos mais interativos e menos lineares. É pautada numa visão contextual de eventos privados e relações interpessoais (Kohlenberg, Tsai & Dougher, 1993; Linehan, 1993; Hayes, 2004), diferente das tentativas diretas de modificar pensamentos e sentimentos, como foi a prática das duas ondas anteriores. Um princípio central nas terapias da terceira onda é que pensamentos não devem controlar diretamente a ação.
A pessoa deveria agir de acordo com seus valores, algo muito mais intuitivo. A racionalidade implacável é objeto de desconfiança (Hayes, Pankey & Gregg, 2002).
A noção de mindfulness é claramente coerente com estas preocupações e foi bem recebida pelas vertentes da terceira onda, tanto na ala cognitiva quanto na comportamental” (Vandeberghe, 2006).
Conclusão
Nos próximos textos, falaremos mais a respeito das linhas das terapias comportamentais que são baseadas em Mindfulness, especialmente a ACT (Acceptance and Commitment Therapy) e a Terapia Comportamental Dialética.
Fonte:https://www.felipedesouza.com.br/historia-da-mindfulness-psychology-a-terceira-corrente-da-terapia-cognitivo-comportamental/
Autora: Sacha Alvarenga
O termo atenção plena ou consciência plena (mindfulness, em inglês) designa um estado mental que se caracteriza pela autorregulação da atenção para a experiência presente, numa atitude aberta, de curiosidade, ampla e tolerante, dirigida a todos os fenômenos que se manifestam na mente consciente – ou seja todo tipo de pensamentos, fantasias, recordações, sensações e emoções percebidas no campo de atenção são percebidas e aceitas como elas são. Com o mindfulness treinamos não ficar nem no passado e nem no futuro. Aprendemos a estar despertos e conscientes do momento presente. A prática da atenção plena nos ajuda a reencontrar o equilíbrio físico, mental e emocional.
A prática da atenção plena nos ajuda a reencontrar o equilíbrio físico, mental e emocional. Jon Kabat-Zinn é o fundador e diretor da Stress Reduction Clinic, no Centro Médico da Universidade do Massachusetts, e Professor Associado no Departamento de Medicina Preventiva e Comportamental. Foi um dos pioneiros no desenvolvimento de pesquisas experimentais com mindfulness. As pesquisas demonstram que essa prática afeta positivamente os padrões cerebrais responsáveis pela ansiedade e pelo estresse. Jon Kabat-Zinn não apresenta a meditação mindfulness num contexto religioso, sendo um método que pode ser aplicado a qualquer pessoa que sofra de stress, independentemente da sua cultura, religião, ou sistema de crenças. É exatamente a simplicidade da técnica que a torna útil como técnica de redução do stress. Que tal começar? Comece prestando atenção na sua respiração, esteja plenamente consciente desse ato que fazemos de forma tão automática!
Mindfulness nas Terapias Cognitivas e Comportamentais

Autora: Cynthia Vieira
Mindfulness ou atenção plena é uma prática que provém da filosofia oriental budista e tem ganhado cada vez mais espaço no campo das psicoterapias. Tal prática utiliza a meditação como forma de obter uma consciência clara do momento presente. Mindfulness propõe uma forma particular de prestar atenção, que envolve o monitoramento atento e consciente da experiência, momento após momento, sem julgamentos, análises ou elaborações sobre o conteúdo da experiência. Desse modo, busca uma maneira alternativa da mente agir na sua relação com o mundo.
A prática de Mindfulness pode ser realizada através de diferentes técnicas incluindo, principalmente, a meditação formal, sentada e silenciosa. Outras técnicas comumente utilizadas envolvem o controle e conscientização da respiração abdominal, o escaneamento corporal (atenção às sensações corporais e conscientização do corpo inteiro), meditação da atenção focada (focalização em um objeto específico ou contagem dos ciclos de respiração), meditação sem foco específico (consciência da totalidade da experiência no momento presente), meditação dos três minutos (minimeditação que funciona como uma ponte entre a prática mais longa e as demandas do dia a dia) e, por fim, a meditação informal, que consiste em aplicar à vida diária as habilidades adquiridas nas práticas formais (por exemplo, praticar a atenção plena enquanto escova os dentes ou toma banho).
Diferentemente da sua forma original ligada às tradições orientais, que atrelam a prática à dimensão espiritual, a meditação Mindfulness ocidental objetiva o funcionamento psicológico saudável. Esta prática passou a fazer parte da clínica psicológica a partir dos trabalhos de Kabat-Zin na década de 1970, como o Programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness (em inglês, MBSR), estando hoje fortemente presente nas psicoterapias cognitivo-comportamentais contemporâneas. Buscou-se adaptar o MBSR a necessidades mais específicas como a prevenção de recaída na depressão, ampliando, assim, o campo de aplicação da prática Mindfulness com a formulação da Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (em inglês, MBCT). Tal aproximação se deu por alguns aspectos, tais como a demonstração empírica dos efeitos da prática, que se alinha com a concepção fundamental das terapias cognitivas de busca da eficácia de suas técnicas e intervenções; e a compreensão de que a forma como indivíduo se relaciona com sua atividade mental é determinante na maneira como ele se sente e se comporta nas situações.
É importante comentar que, apesar das aproximações, o MBCT propõe uma abordagem diferente da TCC tradicional. Por exemplo, em vez buscar uma nova forma de olhar os pensamentos e tentar modificá-los por cognições mais funcionais, como sugere a TCC, o MBCT se volta para o processo cognitivo e promove uma nova forma de estar com as emoções dolorosas, visando sua aceitação.
A integração de práticas como o mindfulness e as terapias cognitivo-comportamentais tem mostrado bons resultados. Estudos mostram a eficácia da MBCT no tratamento de depressão, ansiedade e como recurso na redução do estresse. Associado a outras abordagens terapêuticas, como a Terapia da Aceitação e Compromisso (ACT), há dados de eficácia no tratamento de transtorno de ansiedade generalizada e de outros casos clínicos. Fonte:https://traumaeestresse.wordpress.com/2016/04/19/mindfulness-e-terapias-cognitivo-comportamentais/
Mindfulness nas Terapias Cognitivas e Comportamentais
MINDFULNESS NAS TERAPIAS COGNITIVAS E COMPORTAMENTAIS
Luc
Vandenberghe* Ana Carolina Aquino de Sousa**
Resumo
O presente artigo aborda um conceito com origem nas práticas meditativas orientais, que passou a fazer parte da medicina comportamental a partir dos programas de redução de estresse de Kabat-Zinn. Mindfulness é definida como uma forma específica de atenção plena – concentração no momento atual, intencional, e sem julgamento. Significa estar plenamente em contato com a vivência do momento, sem estar absorvido por ela. Só durante a década passada ganhou destaque nas literaturas comportamentais e cognitivas, enquanto anteriormente estava implicitamente presente nas práticas clínicas destas tradições. O artigo apresenta Mindfulness da forma em que é praticada em diferentes terapias contemporâneas. Discute-se ainda, as possibilidades terapêuticas que este conceito traz a partir de diferentes perspectivas teóricas. Palavras-chave: meditação; terapia cognitivo-comportamental; aceitação.
Abstract
This article approaches a concept that originated in
Oriental meditative practices, and became part of behavioral medicine starting
with the stress reduction program of Kabat-Zinn. Mindfulness is defined as a
specific mode of paying full attention – concentrated on the present moment,
intentionally and non-judgmentally. It means being in contact with the present
and not being involved in memories or in thoughts about the future. Although
implicitly present in clinical practices of traditional behavioral and
cognitive therapy, it only gained full visibility in the literature during the
past decade. Mindfulness is presented in this article in the way it is
practiced in different contemporary behavioral and cognitive therapies. The therapeutic
possibilities that this concept opens up from different theoretical
perspectives are discussed.
Key words: meditation; cognitive-behavior therapy;
acceptance.
* Doutorado
em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás, Psicólogo clínico. ** Mestrado
em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás, Psicóloga clínica. DOI:
10.5935/1808-5687.20060004 36 Luc Vandenberghe e Ana Carolina Aquino de Sousa
Introdução
A prática de mindfulness passou a fazer parte
da medicina comportamental a partir dos programas de redução de estresse de
Kabat-Zinn (1982). O conceito, cuja origem está nas práticas orientais de
meditação (Hanh, 1976), despertou, logo no início dos anos de 90, o interesse
de clínicos fora da área da medicina comportamental. Tomou de assalto as
terapias comportamentais contextualistas, que já tinham afirmado sua identidade
durante a década anterior (Zettle & Hayes, 1986; Kohlenberg & Tsai,
1987; Linehan, 1987) e se estabeleceu como uma característica central destas
(Hayes, 2004). O presente artigo pretende apresentar mindfulness da forma em
que é praticada em diferentes terapias comportamentais e cognitivas
contemporâneas. Em seguida argumenta que a noção já estava implicitamente
presente em práticas clínicas tradicionais, presença esta, que talvez explique
a rápida absorção de um conceito aparentemente exótico por comunidades tão
conscientes da sua herança conceitual como as dos terapeutas comportamentais e
cognitivos. Kabat-Zinn (1990) define mindfulness como uma forma específica de
atenção plena – concentração no momento atual, intencional, e sem julgamento.
Concentrar-se no momento atual significa estar em contato com o presente e não
estar envolvido com lembranças ou com pensamentos sobre o futuro. Considerando
que as pessoas funcionam muito num modo que o autor chama de piloto automático,
a intenção da prática de mindfulness seria exatamente trazer a atenção plena
para a ação no momento atual. ‘Intencional’ significa que o praticante de
mindfulness faz a escolha de estar plenamente atento e se esforça para alcançar
esta meta. Está em contradição com a tendência geral das pessoas de estarem
desatentas, ou de se perderem em julgamentos e reflexões que as alienam do
mundo que as cerca. Para estar com atenção concentrada no momento atual, os conteúdos
dos pensamentos e dos sentimentos são vivenciados na maneira em que se
apresentam. Eles não são categorizados como positivos ou negativos. ‘Sem
julgar’ significa que o praticante aceita todos os sentimentos, pensamentos e
sensações como legítimos. A atitude de não julgar está em contraste com a
tendência automática das pessoas de investirem na luta contra vivências
aversivas, deixando de viver o resto da sua realidade. O praticante não trata
de forma diferenciada, determinados sentimentos (por exemplo, raiva contra uma
pessoa admirada ou medo de algum aspecto de si mesmo), pensamentos (como idéias
imorais) ou sensações (por exemplo, dor na ausência de uma lesão ou diagnóstico
que a justifiquem). São suspensas as racionalizações pelas quais as pessoas costumam
truncar suas percepções de eventos inquietantes para encaixá-los nas suas
opiniões preconcebidas. Uma idéia central na literatura sobre mindfulness é que
viver sob o comando do piloto automático não permite à pessoa lidar de maneira
flexível com os eventos do momento. Confiar no piloto automático promove modos
rígidos e altamente limitados de reagir ao ambiente. Na vida urbana moderna,
agimos muitas vezes sem estar emocionalmente envolvidos em nossas ações, ou
fazemos várias coisas ao mesmo tempo, às vezes sem percebermos que as
diferentes atividades têm diferentes objetivos e atrapalham entre si. Assim,
podemos agir rápido e nos projetar como eficientes e produtivos. Em outros
casos, permitimo-nos ficar tão emaranhados em nossos pensamentos e sentimentos
sobre passado ou futuro, ou em nossas racionalizações sobre a nossa vivência,
que perdemos contato com o que está acontecendo no momento atual (Hayes, 2004;
Linehan, 1993; Kabat-Zinn, 1990). Muitas vezes vivemos desta forma porque o
contato com certos aspectos importantes do nosso cotidiano é doloroso. Evitamos
pensamentos, sentimentos e situações que nos deixam tristes, inseguros ou
envergonhados ou porque achamos que não agüentaríamos. Esta esquiva
experiencial, ou esquiva da vivência emocional, foi descrita por Hayes (1999)
como a tentativa de não ter determinados sentimentos, pensamentos, memórias, ou
estados físicos, por estes serem avaliados negativamente. Trata-se de uma
estratégia adaptativa e socialmente aprovada que ocorre quando eventos privados
passam a ser alvos de controle verbal. Esta estratégia visa a promover um
‘sentir-se bem’ com a ênfase em ‘bem’, mas isto ocorre ao custo da capacidade
de ‘sentir-se bem’ com ênfase no ‘sentir[1]se’. A pessoa acaba
evitando em curto prazo ‘sentir-se mal’, mas perde o contato com aspectos
aversivos (porém importantes) da sua vivência (Hayes, Pankey & Gregg,
2002). Uma falha importante desta estratégia adaptativa é que a pessoa procura
excluir sensações e sentimentos negativos, enquanto que estes não são danosos
em si, mas sim sinais de condições de vida que deveriam ser enfrentados. Outra
falha é que muitas Mindfulness nas Terapias Cognitivas e Comportamentais 37
REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2006 Volume 2 Número 1 35-44 vezes a
recusa de vivenciar essas sensações e sentimentos os torna mais insistentes.
Quanto mais a pessoa tenta não tê-los, mais os terá (Hayes, 1987; Hayes, Pankey
& Gregg, 2002). Pesquisa empírica também mostrou que tentativas de
supressão, ou esquivas de conteúdos aversivos facilitam ruminação mental e
levam ao aumento involuntário da atenção seletiva para tais conteúdos (Roemer
& Borkovec, 1994), enquanto o treino de mindfulness reduz estes processos
(Teasdale, 1999b).
Mindfulness
no treino de redução de estresse
Tradicionalmente,
o programa de redução de estresse é feito com grupos de 30 pacientes, com 8
sessões semanais, e com duração de cerca de 2 horas cada. O treino inclui
muitas tarefas de casa. Cada participante é solicitado a dedicar até uma hora
diária à prática e a planejar um dia intensivo de mindfulness por semana.
Ocorre através de exercícios formais e informais (Kabat-Zinn, 1990). Um dos
primeiros exercícios formais é uma varredura mental do corpo com atenção
concentrada. Neste exercício, parte por parte do corpo é observada. O
praticante vai notando todas as sensações que percebe e concentra a atenção
intencionalmente nesta vivência. Aprende-se a estar atento diante de diferentes
posições corporais: sentado, em pé ou deitado. Num outro exercício típico, o
participante está sentado na cadeira ou com as pernas cruzadas em cima de um
travesseiro e concentra sua atenção na experiência da respiração. Se a pessoa
se distrai ou se uma emoção ou sinal corporal é percebido, este é
intencionalmente reconhecido. Logo depois, volta[1]se a atenção para a
respiração. O que o participante aprende é a aceitar, sem julgar, cada
distração, sem se deixar comandar por esta. Os exercícios formais incluem, além
da varredura mental do corpo e a meditação em posição sentada, com concentração
na respiração, também práticas de alongamento (explorando em detalhes sensações
corporais como tensão, dor, outros); e técnicas meditativas adotadas do yoga. O
alvo é vivenciar a respiração, os pensamentos, e os outros conteúdos sem querer
mudá-los ou controlá-los, ou seja, permitir-se conscientemente observar o que
está acontecendo no presente. Os exercícios informais consistem em vivenciar
situações do cotidiano de maneira plenamente consciente, com a atenção focada
no que está acontecendo, sem julgar ou racionalizar. Pode tratar-se de subir a
escada, trabalhar, fazer atividades em casa, estar junto com amigos, ou
qualquer outra atividade. Estes exercícios enfatizam vivenciar plenamente e sem
preconceito experiências positivas e negativas. Ao estar intencionalmente
atento no aqui e agora, permite-se lidar de maneira criativa com situações
cotidianas. Há estudos indicando que este treino é eficaz na diminuição de
problemas psicossomáticos (Grossman, Niemann, Schmidt & Walach, 2003), dor
crônica (Kabat[1]Zinn,
Lipworth, Burney & Sellers, 1986), fibromialgia (Kaplan, Goldenberg &
Galvin, 1993), transtornos de ansiedade (Kabat-Zinn et al., 1992; Roemer &
Orsillo, 2002), psoríase (Kabat-Zinn et al., 1998) e outros.
Mindfulness
na prevenção de recaída de depressão
Teasdale (1999a; 1999b) propõe um modelo
psicológico detalhado – o modelo de subsistemas cognitivos interativos - para
fundamentar o uso do treino de mindfulness na prevenção de recaída da depressão
em pessoas que passaram com sucesso pela terapia cognitiva. A intenção deste
treino é que a pessoa aprenda a detectar, reconhecer amistosamente e logo
depois soltar (permitir que vão embora) os pensamentos e os sentimentos
depressogênicos, antes que estes reiniciem o espiral rumo à depressão. O
programa padrão de Segal, Williams e Teasdale (2002) inclui, como o de Kabat-Zinn
(1990), oito sessões com intervalos semanais, mas os grupos são menores,
normalmente atendendo doze participantes, sendo que estes não podem estar
deprimidos à época em que participam do treino. Primeiro, discute-se o fenômeno
do piloto automático. Depois, as habilidades de mindfulness são treinadas.
Finalmente, ensina-se como usá-las para lidar com pensamentos automáticos e
como cortar o espiral depressivo no seu início. No modelo do engenho central da
cognição de Teasdale (1999a; 1999b), entradas sensoriais ativam esquemas
cognitivos que dão sentido a essas informações. Os esquemas contêm informação
abstrata e geral que a pessoa precisa para filtrar e entender suas percepções.
Eles constituem o sistema implicacional. Este sistema, 38 Luc Vandenberghe e
Ana Carolina Aquino de Sousa sendo ativado por um dado estímulo, gera
interpretações, inferências e atribuições em forma de pensamentos formulados
como proposições lógicas. Estes pensamentos automáticos constituem o sistema
proposicional que produz emoções e reações somáticas, além de direcionar a
ação. Grandes números destas proposições concretas, por sua vez, podem ser
sintetizados em crenças abstratas que são armazenados no sistema implicacional.
As sensações somáticas (por exemplo: fadiga, desânimo) e emoções (por exemplo:
tristeza), que são resultados de pensamentos automáticos, também fornecem novas
entradas no sistema implicacional, onde podem alimentar esquemas
depressogênicos. Quando ambos os sistemas funcionam sem tampão (buffer), os
sentidos gerados pelo sistema implicacional dominam o sistema proposicional
diretamente e as emoções e sensações somáticas geradas pelo sistema
proposicional entram diretamente no sistema implicacional. A pessoa reage de
forma cega, sem visão do contexto, sob controle imediato da emoção isolada. O
comportamento é impulsivo e irracional. Quando o sistema proposicional funciona
no modo de buffer, as informações provenientes do sistema implicacional serão
compactadas junto com os elementos contextuais às quais são relacionadas. Isto
resulta na elaboração racional dos conteúdos em redes de proposições claras e
ordenadas. A pessoa pensa e reflete, julga e avalia. O sistema implicacional,
funcionando sem buffer, porém, reage diretamente às entradas do momento, o que
quer dizer que o sentido de tudo isto será vivido em nível bem superficial e
sem integração com a visão da existência completa. Os significados mais amplos
e mais sutis das vivências não entram no jogo e as implicações imediatas e
concretas dominam. Quando o sistema implicacional funciona no modo de buffer,
as informações relativas às implicações dos conteúdos são compactadas e
contextualizadas junto com as novas entradas provenientes de emoções, sensações
e pensamentos. Estas informações permitem uma perspectiva mais ampla em relação
aos conteúdos que são processados. Os eventos externos (entrada sensorial), os
pensamentos (proposições) e as percepções de efeitos somáticos e emocionais da
atividade do sistema proposicional serão processados como parte de um todo
muito amplo. Ao mesmo tempo, o sistema implicacional reage diretamente às
entradas do momento, sem buffer, o que significa que a razão está inteiramente
dedicada ao momento, livre de preconceitos, categorias e regras provenientes de
fontes alheias à vivência que está sendo processada. Esta terceira forma de
interação entre os subsistemas, Teasdale (1999a) a chama de mindfulness. O
ponto principal do raciocínio de Teasdale, Segal e Williams (1995) é que não
são os pensamentos disfuncionais que causam a recaída na depressão, mas a forma
em que a pessoa os processa. Mindfulness é um modo de funcionamento cognitivo
incompatível com a configuração cognitiva que leva à recaída. Os exercícios
copiados do programa de Kabat-Zinn (1990) permitem ao cliente aprender a
perceber os primeiros sinais de perturbação emocional, e, ao mesmo tempo,
manter uma perspectiva adequada sobre os pensamentos depressogênicos que
emergem. Teasdale et al. (2000) e Ma e Teasdale (2002) mostraram que as pessoas
que têm mais ganho com este treino de mindfulness são aquelas com episódios
depressivos recorrentes. Isto pode ser compreendido, já que se ensina aos
participantes que o círculo vicioso depressivo é iniciado não pelo sentimento
ou pensamento negativo, mas pelas tentativas emocionais ou racionais de esquiva
que levam a um aumento dos conteúdos que eles tentam suprimir. Os participantes
aprendem a não iniciar a ruminação depressogênica (Ramel, Goldin, Carmona,
& McQuaid, 2004), mas, pelo contrário, aceitar plenamente o momento atual,
incluindo seus aspectos negativos, e dedicar seus esforços para atividades
relevantes. As pesquisas de Segal e Ingram (1994), Segal, Williams, Teasdale e
Gemar (1996), Williams, Teasdale, Segal e Soulsby (2000) e Teasdale et al.
(2002) mostram que, entre os clientes que passaram com sucesso pela terapia
cognitiva para depressão, os que têm maior probabilidade de recaída são aqueles
que reagem à re[1]ocorrência
de sintomas depressivos com tentativas de supressão do pensamento ou algum tipo
de rejeição de sentimentos, produzindo assim, involuntariamente, cascatas de
pensamentos negativos. O risco desse grupo de pessoas desenvolver episódios de
depressão maior ou de transtorno de ansiedade generalizada é alto. O alvo do
treino de mindfulness é reduzir nesses ex-pacientes, a reatividade cognitiva a
mudanças de humor. A terapia cognitiva baseada em mindfulness promove a
recuperação de um maior leque de modos de reagir, como alternativos à ruminação
depressiva. A aceitação de variações de humor e, especialmente, de sentimentos
e sensações negativas é fundamental neste processo. Mindfulness nas Terapias
Cognitivas e Comportamentais 39 REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2006
Volume 2 Número 1 35-44 Com as técnicas de mindfulness, o cliente aprende a
detectar o momento em que o humor está abaixando e a impedir a passagem que o
piloto automático faz do humor negativo para o pensar negativo. Ele desenvolve
a capacidade de aceitar o humor triste como parte do cenário e não como o
aspecto central de sua existência. Aprende, através dos exercícios de
mindfulness, a estar no momento presente, sem precisar acessar idéias a
respeito do passado ou do futuro que estão de acordo com o modelo, contidos em
esquemas depressogênicos.
O uso de
mindfulness na Terapia Comportamental Dialética
A Terapia
Comportamental Dialética é um programa desenvolvido por Linehan (1987),
especificamente para o transtorno de personalidade borderline. Linehan (1993)
introduz o treino de mindfulness no princípio do treino de habilidades sociais,
uma das partes essenciais do programa. Os componentes desta habilidade
(mindfulness) são: (1) Observar: estar atento a eventos, a emoções e a diversos
aspectos do próprio comportamento. Esta habilidade pretende que o participante
aprenda a detectar e reconhecer estes eventos e a não usar estratégias de
esquiva ou controle das emoções. Ele observa os conteúdos como sendo distintos
de si mesmo. Com isto, sentimentos e pensamentos aversivos deixam de ser ameaçadores.
(2) Descrever: refere-se ao relato verbal dos eventos e das próprias reações a
eles. Aqui a escolha de uma linguagem que seja realmente descritiva, e não
avaliativa ou explicativa, é importante. (3) Participar plenamente sem promover
atividades paralelas como racionalizar ou justificar. As qualidades que definem
estas habilidades na prática são: (1) Não julgar, isto é: não avaliar,
categorizar, descartar ou desqualificar. (2) Estar atento, de forma integral, a
somente uma coisa de cada vez. (3) Agir de forma efetiva, em total acordo com
seus valores e alvos de vida. Os exercícios no grupo são muito variados e
incluem estar intencionalmente atento às sensações corporais, como por exemplo,
as sensações de sentar numa cadeira, de colocar a mão numa superfície, e
exercícios focando a observação dos próprios pensamentos e sentimentos,
aprendendo que devem ser reconhecidos como simplesmente pensamentos e
sentimentos e nada mais. Linehan (1993) faz distinção entre três modos de
funcionar: mente emocional; mente racional; e mente sábia. A mente emocional
refere-se ao modo de ação impulsiva, dirigida pelo que sentimos. É genuína e
intuitiva, mas instável e imprevisível. A mente racional seria o modo de
funcionar sob controle do pensamento lógico. Garante a racionalidade, mas tem a
desvantagem de ser frio, calculista e alienado. A mente sábia refere-se à
sabedoria profunda que a pessoa tem, o que sente estar certo. É altamente
intuitiva, mas direcionada pelos valores profundos da pessoa e a visão ampla
que constrói de sua existência. A diferença entre a mente racional e as outras
duas mentes é que estas estão relacionadas ao sentir, e não ao pensar. O que
parece ser verdadeiro ou certo enquanto o calor da emoção está no seu auge se
refere à mente emocional. Se a pessoa espera e deixa esse calor passar, e ainda
sente que aquilo é verdadeiro, pode se tratar da mente sábia. A mente emocional
pode ser reconhecida pela intensidade da emoção, enquanto que a mente sábia é
marcada pela continuidade. A pessoa encontra-se neste modo de funcionar quando
suas emoções e sua razão estão em sintonia, facilitando ação sábia, mesmo
quando sua vida ou as circunstâncias estão realmente difíceis. Neste modo, a
pessoa pode abraçar cada momento como é e não como gostaria (ou temeria) que
fosse. Isto não só permite que a pessoa participe mais plenamente de momentos
felizes da vida e entenda com mais clareza os seus problemas, mas também que
não crie desnecessariamente mais sofrimento para si mesma e atue com mais
agilidade quando for necessário. Enquanto o transtorno de personalidade
borderline é marcado por variações de humor bruscas, por mudanças radicais
entre idealização e desvalorização de outros nos relacionamentos íntimos e
significativos e por padrões de relacionamento interpessoal caótico, como
também por instabilidade e fragmentação da percepção de si, na filosofia
dialética de Linehan (1993) conceitos como ‘bom’, ‘mau’, ou ‘inadequado’ são
comparáveis a fotografias instantâneas que representam momentos arbitrariamente
escolhidos de um processo dinâmico que não se deixa categorizar em termos tão
unipolares. Para a pessoa com este transtorno, mindfulness é uma habilidade
útil para o enfrentamento de emoções e desejos extremos e contraditórios.
Representa a construção do meio termo, sem precisar abrir mão de sentimentos
contraditórios, mas genuínos, sem abrir mão das posições fortes, e sem tentar
controlar 40 Luc Vandenberghe e Ana Carolina Aquino de Sousa ou reprimir
sentimentos intensos. O objetivo é praticar e vivenciar a mente sábia. Tendo
acesso à mente sábia, a pessoa é capaz de acolher conteúdos aversivos ao invés
de fugir ou esquivar-se deles. Com a diminuição da esquiva vivencial,
sentimentos e pensamentos aversivos se tornam mais toleráveis. Assim, cria-se
uma relação mais amistosa com conteúdos negativos e aumenta-se a capacidade de
entrar em contato plenamente com os sentimentos. Com esta habilidade, pode-se
aprender a entender quando, como e em que circunstâncias terá emoções e
pensamentos negativos. Uma vez que detecta os determinantes das suas próprias
reações, é possível agir sobre as causas. E com esta habilidade refinada, a
pessoa pode se conhecer melhor, bem como suas tendências e vieses.
Conhecendo-se melhor, será capaz de lidar melhor consigo mesma e se respeitar
mais. Trata-se da forma de viver que a terapia comportamental dialética promove
(Linehan, 1993).
Terapia de
Aceitação e Compromisso (ACT)
A ACT (da
expressão original em inglês Acceptance and Commitment Therapy) foi
desenvolvida a partir da releitura contextualizadas do processo
psicoterapêutico (Hayes, 1987). Um dos alvos principais da ACT é a redução da
esquiva experiencial, que é vista pela teoria como uma das maiores fontes do
sofrimento humano. A ACT promove uma atitude de aceitar pensamentos e emoções como
realmente são, e não como parecem ser. Uma vez livre da luta contra as próprias
avaliações, pensamentos e sentimentos, as pessoas podem agir de modo produtivo
sobre seu ambiente. O modelo postula que os transtornos de ansiedade são
decorrentes da socialização da pessoa de acordo com quatro contextos
sócio-verbais patogênicos, que resumem uma variedade de armadilhas embutidas na
forma em que se faz uso da linguagem no ato de pensar (Hayes, Pankey &
Gregg, 2002). O contexto de literalidade refere-se à tendência de idéias e
pensamentos a se tornarem fonte de regulação de emoções e comportamentos mais
importantes. Assim, não há espaço suficiente para o efeito regulador saudável
da experiência direta. Os conceitos podem determinar nossas reações como se
fossem literalmente fatos, e esquecemos que não são nada mais do que produtos
verbais. Se o controle verbal se torna excessivo, as pessoas começam a viver em
função dos conceitos, crenças e vieses. O contexto de avaliação refere-se à
tendência automática de categorizar eventos em termos de bons ou ruins. Se
estas avaliações não são baseadas nas vivências diretas e contextualizadas em
ampla visão das mesmas, podem influenciar nossas reações de maneiras injustas e
rígidas. Isto acontece principalmente quando são baseadas em regras sociais ou
construções verbais. O contexto de controle refere-se à tendência de tentar-se
eliminar os sentimentos, pensamentos e sensações avaliados como negativos.
Trata-se de tentar rejeitar aspectos de sua própria vivência, ao invés de enfrentar
as condições no contexto da vida que os geram. O contexto de dar razões
refere-se a tentativas de criar explicações literais para os problemas,
tornando estes últimos socialmente aceitáveis ou ao menos compreensíveis.
Enquanto a cultura em geral oferece amplo apoio a esta estratégia, mostrando
mais compaixão, tolerância e outras vantagens às pessoas que conseguem explicar
bem suas ansiedades e seus comportamentos auto-destrutivos, esta produção de
razões lógicas e aceitáveis pode afastar as pessoas cada vez mais do contato
com as condições que realmente poderiam mudar para resolver seus problemas.
Mindfulness pode ajudar a enfraquecer os diferentes contextos sócio-verbais
patogênicos: (1) O contexto de avaliação, porque os exercícios de mindfulness levam
a habilidades de vivenciar seus conteúdos como realmente são, sem
categorizá-los ou atribuir conceitos e significados derivados de outras fontes.
(2) O contexto de controle, porque a pessoa aprende a respeitar pensamentos e
sentimentos positivos e negativos. (3) O contexto de dar razões, porque nos
exercícios de mindfulness a pessoa aprende a vivenciar o momento sem
racionalizar. (4) O contexto de literalidade, porque o cliente aprende a reagir
a pensamentos pelo que são – nada mais do que pensamentos - mesmo quando são
desagradáveis. Hayes e Gregg (2000) distinguem três níveis da vivência de si. O
Eu Conceitual é o que pensamos sobre nós mesmos. São conceitos que explicam o
que a pessoa percebe a respeito de si mesma. Identificar-se demasiadamente com
seu Eu Conceitual gera atitudes defensivas, rígidas e desonestas. A pessoa que
cai nesta armadilha terá dificuldade de aceitar ou até mesmo Mindfulness nas
Terapias Cognitivas e Comportamentais 41 REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS
COGNITIVAS, 2006 Volume 2 Número 1 35-44 entender aspectos da sua vivência que
não cabem na camisa de força do seu auto-conceito e se dedicará a disfarçar ou
negar estes aspectos. Muito importante no processo de distanciar-se deste Eu é
que a pessoa retira o caráter literal de seus pensamentos e regras, aprende que
estes não são o que parecem significar. Neste processo, o cliente aprende que
ele não é o que pensa sobre si mesmo. Pode descobrir que seus pensamentos são
nada mais do que seus próprios comportamentos verbais e, portanto, não podem
impor nenhuma realidade ao que ele deveria se adequar. O Eu Vivencial é a
vivência dos sentimentos, sensações e pensamentos. Neste nível, a pessoa se
reconhece no fluxo perpétuo de mudanças. Ter contato com o Eu Vivencial leva a
características saudáveis como atitudes flexíveis, genuínas, abertura para a
experiência e capacidade de crescimento. Porém, realmente identificar-se com
estes conteúdos mutáveis e imprevisíveis caracteriza-se por um modo de ser
altamente instável e impulsivo. O Eu Observador corresponde à perspectiva
transcendente, em que a pessoa tem consciência que não é nem os conceitos que
ela tem sobre si, nem os conteúdos que vivencia, que todos estes são eventos
com os quais lida, mas que são distintos dela mesma. O contato com este nível
de ser permite que a pessoa se reconheça como expectadora dos seus problemas e
conflitos e, assim, consegue entendê-los melhor porque não se confunde com
eles. Esta tomada de distância em relação aos pensamentos e sentimentos aumenta
a tolerância aos mesmos, bem como permite ver suas implicações mais amplas com
mais clareza. Mindfulness, na ACT, é praticar o Eu como perspectiva e não como
conteúdo. A intenção é aumentar a consciência que a pessoa pode ter de sua
vivência interior (emoções, pensamentos, sensações) por habilidades que
envolvem observação e aceitação. A aceitação de sentimentos e sensações (que
não são sempre o que desejamos) facilita a disposição para agirmos num mundo
que não está sob nosso controle, mas em que podemos ter efeitos importantes,
com a condição de nos envolvermos ativamente nele, ao invés de vivê-lo em nossa
cabeça. Desta perspectiva, a pessoa não é seu fluxo de consciência, já que
todos os conteúdos passam, enquanto ela permanece. Aprende a tomar a posição de
observador que permite um contato íntimo com os conteúdos e o fluxo dos
momentos da vida, sem se confundir com estes, podendo enxergar o sentido mais
amplo dos mesmos. Assim, a pessoa torna-se capaz de agir de acordo com seus
valores e não sob o controle dos contextos sócio-verbais descritos acima.
Mindfulness
nas terapias comportamentais de primeira e segunda geração
O movimento
da terapia comportamental conheceu três ondas. Na primeira, o modelo clássico
pautado na teoria pavloviana, técnicas de exposição dominam o tratamento.
Representantes atuais da terapia comportamental clássica, como os programas de
tratamento para transtornos de ansiedade usando exposição ao vivo, têm apoio
empírico importante (Eysenck, 1994). A segunda onda se caracterizou pelo modelo
cognitivo racionalista, com base em processos psicológicos mediados por
sistemas de crenças subjacentes. São as terapias cognitivo-comportamentais
argumentativas, cuja área de aplicação mais tradicional é a dos transtornos de
humor (Beck, 1995). A terceira onda prima pela procura de epistemologias
alheias, como o construtivismo cognitivo, releituras contextualistas do
behaviorismo radical, ou vários novos modelos cognitivos mais interativos e
menos lineares. É pautada numa visão contextual de eventos privados e relações
interpessoais (Kohlenberg, Tsai & Dougher, 1993; Linehan, 1993; Hayes,
2004), diferente das tentativas diretas de modificar pensamentos ou
sentimentos, como foi a prática das duas ondas anteriores. Um princípio central
nas terapias da terceira onda é que pensamentos não devem controlar diretamente
a ação. A pessoa deveria agir de acordo com seus valores, algo muito mais
intuitivo. A racionalidade implacável é objeto de desconfiança (Hayes, Pankey
& Gregg, 2002). A noção de mindfulness é claramente coerente com estas
preocupações e foi bem recebida pelas vertentes da terceira onda, tanto na ala
cognitiva quanto na comportamental. Para poder perguntar-nos se mindfulness é
uma inovação inusitada ou é um novo nome para um princípio que já fez parte das
práticas comportamentais e cognitivas tradicionais, sem ter sido identificada
explicitamente na teoria, precisamos resumir mindfulness numa definição
operacional. A diversidade de compreensões da prática nas diferentes terapias
42 Luc Vandenberghe e Ana Carolina Aquino de Sousa chamou para tentativas de
criar uma descrição dos processos psicológicos envolvidos. Bishop et al. (2004)
propuseram um modelo de mindfulness consistindo de dois componentes. O primeiro
é a regulação intencional da atenção, focada na vivência imediata. Isto permite
a detecção de eventos privados no momento em que ocorrem. O segundo componente
envolve a orientação para a experiência, caracterizada por curiosidade,
abertura e aceitação. O primeiro componente implica capacidades de sustentar a
atenção e trocar o foco da atenção intencionalmente e de maneira flexível
quando houve uma distração. O resultado desta prática é que a pessoa não fica
presa na elaboração automática e desnecessária da experiência e das suas
associações, que podem levar a processos de ruminação. Assim, a prática de
mindfulness libera recursos cognitivos presos nessa elaboração secundária da
vivência, o que leva à capacidade de processar diretamente maior variedade de
eventos. Isto possibilita uma perspectiva mais ampla das vivências. O segundo
componente é a abertura vivencial para a realidade do momento atual. Depende de
uma decisão consciente de abandonar suas tentativas de não viver o momento como
é, e de permitir que pensamentos, sentimentos e sensações se apresentem
espontaneamente. É uma atitude receptiva frente à própria experiência. Ao invés
de perceber a vida através de um filtro de crenças, suposições, expectativas e
defesas, uma visão muito mais ingênua da vivência é possível. Esta prática deve
diminuir as estratégias de esquiva, e estilos de coping repressivos. Mudando o
contexto subjetivo em que sentimentos e sensações negativos são vivenciados,
torna estes últimos menos ameaçadores. A terapia comportamental clássica foi
desde os primórdios direcionada para a eliminação de respostas problemáticas.
Eysenck (1959; 1963) declarou que um transtorno psicológico é tratado quando as
reações emocionais condicionadas são eliminadas. Em oposição total à filosofia
de mindfulness, o alvo dos procedimentos é eliminar conteúdos inadequados. A
diferença salta imediatamente aos olhos. Já que mindfulness não promove a
mudança dos conteúdos, ela parece destoante da terapia comportamental clássica
(que procura a mudança das respostas emocionais) e da cognitiva (que promove a
reestruturação dos pensamentos e das crenças). Também deve ser observado que o
“eliminacionismo” das abordagens de cunho pavloviano exigem o envolvimento
intencional e intenso da parte do cliente (Eysenck, 1963; Rachman, 1998). O
tratamento indicado para transtornos de ansiedade consiste de trabalhos de
exposição ao vivo, através de exercícios em que o cliente entra em contato com
os pensamentos e sentimentos que mais provocam ansiedade, sem tentar esquivar
ou fugir e aceitando a ansiedade sem avaliá-la negativamente ou tentar
suprimi-la. Nos exercícios de casa, que consistem em levar o cliente a expor-se
no dia a dia às situações ansiogênicas, há a intenção de ajudá-lo aprender a
tolerar as mesmas de forma consciente, como também os pensamentos e as emoções
que elas provocam, sem elaborá-los em sentidos catastróficos. Durante todo o
trabalho de exposição, a pessoa intencionalmente encara o que antes considerou
insuportável, e tolera os sentimentos negativos decorrentes desta atitude.
Neste ponto, a prática tradicional da exposição ao vivo mostra um componente
importante de mindfulness. A primeira vista, as terapias pertencentes à segunda
onda são as menos compatíveis com mindfulness. Na terapia
cognitivo-comportamental tradicional, a saúde mental é fortemente identificada
com o que é racional. Enquanto as práticas de mindfulness promovem uma mudança
geral na maneira de lidar com eventos privados, Beck (1995) e Ellis (1974)
ensinam a modificação de crenças irracionais e distorções cognitivas
específicas. O cliente aprende a observar e identificar os pensamentos
depressogênicos, distorções cognitivas e crenças irracionais e a corrigi-los.
Porém, como apontam Segal, Teasdale e Williams (2004), há um aspecto de
mindfulness que já estava implicitamente presente nestas terapias desde o
advento da segunda onda. Participando do trabalho de reestruturação cognitiva,
o cliente logo aprende que o que pensa sobre si mesmo não é a representação
correta da realidade. Aprende no processo que mudanças em suas atitudes
influenciam suas reações emocionais. Também descobre que pode pensar
diferentemente e que os conteúdos dos seus pensamentos, longe de serem
informações objetivas e confiáveis, são produções subjetivas dele próprio.
Desta forma, a terapia cognitivo-comportamental tradicional implicitamente
promove mudanças amplas na relação que a pessoa mantém com seus pensamentos.
Como resultado de repetidamente identificar pensamentos, crenças e distorções e
tomar uma atitude Mindfulness nas Terapias Cognitivas e Comportamentais 43 REVISTA
BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2006 Volume 2 Número 1 35-44 crítica em
relação a estes, o cliente pode realizar uma mudança geral em sua perspectiva
para com os eventos cognitivos. Ao invés de vê-los como atributos de si mesmo
ou representações de fatos, acaba vendo-os como eventos internos que não
possuem necessariamente valor literal. É possível que esta similaridade no
nível prático (apesar da inovação teórica) tenha facilitado a rápida absorção
de mindfulness na tradição cognitivo[1]comportamental.
A maior diferença continua sendo que, de acordo com a prática de mindfulness,
não é considerado proveitoso entrar no mérito dos conteúdos, ou tentar
controlar pensamentos negativos, mas observá-los, não tomá-los pessoalmente e
aceitar a sua natureza defeituosa. As técnicas de mindfulness não tocam no
conteúdo dos pensamentos e não são especificas para o tipo de distorção
cognitiva que o cliente apresenta. A prática explícita de mindfulness, neste
sentido, constitui uma inovação na prática clínica e representa um acréscimo no
arsenal de técnicas terapêuticas disponíveis.
Referências
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Rua 7 nº 247/101 – Setor Oeste, Goiânia/GO – CEP: 74090-110 – E-mail: aquino_psy@yahoo.com.br
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