Comportamento suicida em crianças e adolescentes
Por
The Manual's Editorial Staff
Última revisão/alteração completa nov 2018| Última modificação do
conteúdo nov 2018
O que é o comportamento suicida?
Suicídio tem a ver com matar a si mesmo.
Comportamento suicida inclui:
Considera-se que crianças que se machucam de maneiras que claramente não tem o objetivo de causar a morte, como ao se arranhar, cortar ou queimar, tenham autolesão não suicida.
O suicídio é um problema principalmente em adolescentes e adultos, mas às vezes crianças cometem suicídio
Um evento estressante pode desencadear o suicídio em crianças com um transtorno de saúde mental como depressão.
Estudantes LGB (lésbicas, homossexuais ou bissexuais) têm uma probabilidade maior de tentar suicídio
Crianças em risco de suicídio podem estar deprimidas ou ansiosas, se retrair de atividades, falar sobre morte ou alterar seu comportamento subitamente.
Os médicos tentam descobrir a seriedade de uma pessoa jovem ao falar de suicídio
O tratamento pode incluir terapia individual e familiar, medicamentos para tratar outros problemas de saúde mental ou uma admissão hospitalar se o risco de suicídio for alto
Sempre leve o comportamento suicida a sério.Se você acha que a criança ou adolescente corre risco de tentar suicídio, peça ajuda imediatamente (nos Estados Unidos, ligue para 911 ou ligue para 1-800-273-8255 para alcançar o National Suicide Prevention Lifeline) ou leve a criança para o departamento de emergência do hospital.
O que causa o comportamento suicida em crianças?
Muitas vezes, o comportamento suicida acontece quando uma criança ou adolescente que já têm um problema como depressão, abuso de substâncias, ou outro distúrbio de saúde mental passa por um evento estressante, como:
Muitas pessoas jovens passam por eventos estressantes, como esses. Mas se eles não têm um problema subjacente, esses eventos não costumam resultar em um comportamento suicida.
O que são sintomas de comportamento suicida?
Como os médicos tratam comportamento suicida em crianças?
Os médicos irão:
Certifica‑se de que a criança está segura e decide se a hospitalização é necessária
Trata problemas subjacentes, como depressão ou abuso de drogas, com terapia e, às vezes, medicamentos
Encaminha a criança para uma consulta com um psiquiatra ou especialista em saúde mental
Ajuda sua família a compreender o risco de tentativas futuras
Orienta a você para que tome precauções para manter seu filho seguro – remover ou guardar quaisquer armas de fogo, medicamentos em local trancado (incluindo medicamentos sem prescrição como analgésicos) e objetos pontiagudos em sua casa
![O que leva os adolescentes a cometerem a automutilação?](https://media.gazetadopovo.com.br/viver-bem/2019/05/bigstock-scars-from-deliberate-self-har-77247323-600x398-55517f80.jpg)
Automutilação não suicida em crianças e adolescentes
Comportamento suicida
Por
Paula J. Clayton
, MD, University of Minnesota School of Medicine
Última revisão/alteração completa out 2019| Última modificação do
conteúdo out 2019
O suicídio resulta normalmente da interação de vários fatores e geralmente inclui depressão.
Alguns métodos, como o uso de armas de fogo, têm mais probabilidade de resultar em morte, mas a escolha de um método menos letal não significa necessariamente que a intenção foi menos séria.
Qualquer ameaça ou tentativa de suicídio deve ser levada a sério e ajuda e apoio devem ser providenciados.
Uma linha direta de prevenção ao suicídio está disponível para pessoas que pensam em cometer suicídio.
(Consulte também Comportamento suicida em crianças e adolescentes.)
O comportamento suicida inclui o seguinte:
A automutilação não suicida é um ato de autoagressão que não tem o intuito de resultar em morte. Tais atos incluem a realização de arranhões nos braços, queimar a si mesmo com um cigarro e tomar uma dose excessiva de vitaminas. A automutilação não suicida pode ser uma maneira de reduzir a tensão ou pode ser um pedido de ajuda por parte de pessoas que ainda têm vontade de viver. Esses atos não devem ser menosprezados.
Informações sobre a taxa de suicídios são dadas, principalmente, por certidões de óbito e por investigações judiciais. A taxa real é provavelmente subestimada. Ainda assim, o comportamento suicida é um problema de saúde pública muito comum. O comportamento suicida ocorre em homens e mulheres de todas as idades, raças, crenças, níveis socioeconômicos e acadêmicos, e orientações sexuais. Não existe um perfil típico do suicida.
Suicídios consumados ao redor do mundo
Quase 800.000 pessoas morrem por suicídio por ano no mundo.
O suicídio foi a segunda principal causa de morte entre pessoas com 15 a 29 anos de idade.
Há evidência que sugere que para cada pessoa que morre por suicídio, há muitas mais que tentam cometê-lo. Essa proporção varia muito entre países, região, sexo, idade e método.
Suicídios consumados nos Estados Unidos
Houve quase 47.000 suicídios consumados em 2017 nos Estados Unidos. Em média, ocorrem aproximadamente 129 suicídios por dia.
Em 2016, a taxa de suicídio foi
Na ordem das principais causas de morte, o suicídio fica em 10º lugar. Em pessoas mais jovens, o suicídio fica:
Em todas as faixas etárias, os homens cometem quase quatro vezes mais suicídio do que as mulheres. Não se sabe o porquê disso, mas pode ser pelos seguintes motivos:
Quando os homens têm problemas, eles são menos propensos a procurar ajuda, tanto de amigos de como profissionais de saúde.
O abuso de álcool e o abuso de substâncias, que parecem contribuir para o comportamento suicida, são mais comuns nos homens.
Os homens são mais agressivos e utilizam meios mais letais quando tentam cometer o suicídio.
O número de suicídios entre os homens inclui suicídios de militares e veteranos de guerra. Ambos os grupos têm uma proporção maior de homens para mulheres.
Em 2016, a taxa de suicídio foi a maior entre pessoas de raça indígena americana e nativos do Alasca e a segunda maior entre brancos não hispânicos.
Tentativa de suicídio nos Estados Unidos
Mais de um milhão de pessoas tenta cometer suicídio todos os anos nos Estados Unidos. Aproximadamente 25 tentativas são cometidas para cada suicídio consumado. Muitas pessoas tentam cometê-lo repetidamente. Contudo, apenas entre 5% e 10% das pessoas que cometem uma tentativa de suicídio acabam falecendo por causa dele. A tentativa de suicídio é especialmente comum entre meninas adolescentes. Meninas com idade entre 15 e 19 anos fazem cem tentativas de suicídio para cada suicídio consumado e elas tentam suicidar-se cem vezes mais que meninos. Em todas as faixas etárias, mulheres tentam o suicídio duas ou três vezes mais que os homens, no entanto, os homens têm uma probabilidade quatro vezes maior de morrer em suas tentativas. As pessoas idosas cometem quatro vezes o número de tentativas de suicídio para cada suicídio consumado.
A expectava de vida de pessoas que cometem tentativa de suicídio é significativamente menor. A maior parte dessa redução na expectava de vida parece resultar de distúrbios físicos em vez do suicídio consumado que ocorre posteriormente.
Causas
Aproximadamente uma em cada seis pessoas que cometem suicídio deixam um bilhete que, às vezes, dá pistas para as razões para essa atitude.
Os comportamentos suicidas geralmente resultam da interação de vários fatores.
O fator mais comum que contribui para o comportamento suicida é
A depressão, incluindo a depressão que faz parte do transtorno bipolar, está envolvida em mais de 50% das tentativas de suicídio e em uma porcentagem ainda maior de suicídios consumados. A depressão pode ocorrer do nada, ser desencadeada por uma perda recente ou outro evento angustiante, ou resultar de uma combinação de fatores. Problemas conjugais, prisão ou problemas com a lei recentes, uma relação amorosa infeliz ou que terminou, desentendimentos com os pais ou bullying (entre adolescentes) ou a perda recente de um ente querido (sobretudo em idosos) podem desencadear uma tentativa de suicídio por pessoas com depressão. O risco de suicídio é maior, se a pessoa com depressão também tiver ansiedade significativa.
Pessoas com determinados quadros clínicos podem se tornar depressivas e tentar ou consumar um suicídio. A maioria dos transtornos associados a um aumento na taxa de suicídio afetam diretamente o sistema nervoso e o cérebro (como no caso de AIDS, esclerose múltipla, epilepsia do lobo temporal e traumatismos cranianos) ou envolve tratamentos que podem causar depressão (como determinados medicamentos utilizados para tratar hipertensão arterial).
Aproximadamente 20% dos suicídios em pessoas idosas podem representar, pelo menos parcialmente, uma resposta a doenças crônicas sérias ou dolorosas.
Experiências traumáticas na infância, incluindo abuso físico e sexual, aumentam o risco de tentativas de suicídio, talvez porque a depressão é comum entre pessoas que tiveram esses tipos de experiência ruim.
O consumo de álcool pode intensificar a depressão que, por sua vez, favorece o comportamento suicida. O álcool também reduz o autocontrole. Aproximadamente 30% das pessoas que tentam cometer suicídio consomem bebidas alcoólicas antes da tentativa, e aproximadamente metade delas estão embriagadas no momento. Visto que o alcoolismo, principalmente o crônico, causa profundos sentimentos de remorso nos períodos de sobriedade, os alcoólatras são propensos ao suicídio mesmo quando estão sóbrios.
Quase todos os transtornos mentais também fazem com que a pessoa tenha risco de suicídio.
A pessoa com esquizofrenia ou outros transtornos psicóticos pode ter delírios (convicções falsas) com as quais ela simplesmente não consegue lidar, ou ela pode ouvir vozes (alucinações auditivas) que ordenam que ela se mate. Além disso, pessoas com esquizofrenia são propensas a ter depressão.
Pessoas com transtorno de personalidade limítrofe ou transtorno de personalidade antissocial, especialmente aquelas com histórico de comportamento violento, também estão sujeitas a um maior risco de suicídio. Pessoas com esses transtornos não conseguem tolerar muito bem a frustração e reagem impulsivamente ao estresse, o que às vezes dá origem à automutilação ou ao comportamento agressivo.
Viver só aumenta o risco de ter comportamento suicida. Pessoas que passaram por separações, divórcios ou viuvez têm maior probabilidade de consumar um suicídio. O suicídio é menos comum entre pessoas que mantêm um relacionamento seguro do que entre pessoas solteiras.
Antidepressivos e o risco de suicídio
O risco de tentativa de suicídio é maior no mês anterior ao início de um tratamento com antidepressivos e o risco de morte por suicídio não é maior depois do início do tratamento. Contudo, os antidepressivos aumentam discretamente a frequência de pensamentos suicidas e tentativas de suicídio (mas não de suicídios consumados) em crianças, adolescentes e pessoas jovens. Portanto, pais de crianças e adolescentes devem ser alertados, e as crianças e adolescentes devem ser cuidadosamente monitorados para identificar efeitos colaterais, como aumento da ansiedade, agitação, inquietação, irritabilidade, raiva ou uma mudança para hipomania (quando a pessoa se sente alegre e cheia de energia, mas fica facilmente irritada, distraída e agitada), especialmente durante as primeiras semanas de uso do medicamento.
Devido aos alertas da saúde pública sobre a possível associação entre o uso de antidepressivos e um aumento do risco de suicídio, os médicos começaram a receitar antidepressivos para crianças e jovens com mais de 30% menos frequência. Entretanto, nesse mesmo período, as taxas de suicídio entre jovens aumentaram temporariamente em 14%. Portanto, é possível que, ao desestimular o tratamento da depressão com medicamentos, esses alertas tenham resultado em mais, e não menos, mortes por suicídio.
Quando a pessoa com depressão recebe medicamentos antidepressivos, o médico toma algumas precauções para reduzir o risco de ela ter comportamento suicida:
Dar uma quantidade de medicamento antidepressivo que não cause a morte
Agendar consultas mais frequentes no início do tratamento
Dar advertências claras à pessoa e aos seus familiares e entes queridos para ficarem alertas quanto à presença de piora dos sintomas ou ideação suicida
Orientar a pessoa e os seus familiares e entes queridos para entrarem imediatamente em contato com o médico que receitou o antidepressivo ou procurar ajuda com outra entidade, caso os sintomas piorem ou ocorram pensamentos suicidas
Métodos
A escolha do método normalmente é influenciada por fatores culturais e pelos meios disponíveis para cometer suicídio (por exemplo, um revólver). Ele pode ou não refletir a seriedade da intenção. Alguns métodos (por exemplo, saltar de um edifício alto) implicam que seja praticamente impossível sobreviver, ao passo que outros métodos (como a superdosagem de medicamentos) deixam em aberto a possibilidade de socorro. Contudo, mesmo que uma pessoa utilize um método que não seja fatal, a intenção pode ter sido tão séria quanto a de uma pessoa que utilizou um método fatal.
Mais frequentemente, as tentativas de suicídio envolvem superdosagem de medicamentos e autoenvenenamento. Métodos violentos, como disparo de armas ou enforcamento, são pouco comuns nas tentativas de suicídio, pois normalmente resultam em morte.
A maioria dos suicídios consumados envolve o uso de armas de fogo. Nos Estados Unidos, armas de fogo são usadas em aproximadamente 50% dos suicídios. Homens usam esse método com mais frequência que as mulheres. Outros métodos incluem enforcamento, envenenamento, pular de grande altura e cortar-se. Alguns métodos, como dirigir um carro para jogar-se de um despenhadeiro, pode colocar outras pessoas em perigo.
O envenenamento com pesticidas é responsável por aproximadamente 30% dos suicídios consumados ao redor do mundo.
Prevenção
Ainda que a maioria das tentativas de suicídio ou suicídios consumados sejam um choque para parentes e os amigos, muitas pessoas dão claras advertências. Qualquer ameaça ou tentativa de suicídio deve ser levada a sério. Se for ignorada, uma vida pode ser perdida.
Se uma pessoa estiver ameaçando ou já tiver tentado cometer suicídio, a polícia deve ser contatada imediatamente para que os serviços de emergência possam chegar o mais rapidamente possível. Até que a ajuda chegue, deve-se conversar com a pessoa de um modo calmo e que demonstre apoio.
O médico pode hospitalizar a pessoa que tenha ameaçado ou tentado cometer suicídio. A maioria dos estados (dos Estados Unidos) permite que um médico interne uma pessoa contra sua vontade se houver suspeita de que a pessoa está em alto risco de ferir a si mesma ou outras pessoas.
Administração
Os médicos levam a sério qualquer ato suicida, independentemente de a pessoa ter ou não uma verdadeira intenção de cometer suicídio.
Se a pessoa estiver seriamente praticando automutilação, o médico avalia e trata a lesão e, normalmente, interna a pessoa no hospital. Se a pessoa tiver tomado uma dose excessiva de um medicamento com efeito possivelmente letal, o médico imediatamente toma medidas para evitar a absorção do medicamento e acelerar sua eliminação pelo organismo. A pessoa também recebe o antídoto disponível e cuidados clínicos como, por exemplo, um tubo de respiração.
Depois da avaliação inicial, a pessoa que cometeu uma tentativa de suicídio será encaminhada para consultar um psiquiatra, que tenta identificar os problemas que contribuíram para a tentativa e planeja tratamento adequado.
Para poder identificar problemas, o psiquiatra:
Escuta o que a pessoa tem a dizer
Tenta entender o que fez com que a pessoa tentasse cometer suicídio, o que deu origem à tentativa e onde e como ela ocorreu
Faz perguntas sobre sintomas de transtornos mentais que aumentam o risco de ter um comportamento suicida
Pergunta se a pessoa está recebendo tratamento para um transtorno mental, além de perguntar se a pessoa está tomando algum medicamento para tratá‑lo
Avalia o estado mental da pessoa, procurando por sinais de depressão, ansiedade, agitação, crises de pânico, insônia grave e outros transtornos mentais, bem como uso e abuso de álcool e substâncias
Perguntar sobre os relacionamentos pessoais e familiares bem como redes sociais, porque elas são muitas vezes relevantes para a tentativa de suicídio e o tratamento de acompanhamento
Conversa com familiares e amigos próximos e pergunta a eles sobre o uso de álcool, maconha, analgésicos e abuso de drogas da pessoa
Ajuda a pessoa a identificar coisas que desencadeiam pensamentos de suicídio e ajuda a pessoa a planejar maneiras para lidar com os fatores desencadeadores
Uma vez que a depressão aumenta o risco de apresentar comportamento suicida, o médico monitora com cuidado a pessoa com depressão quanto à presença de comportamento e pensamentos suicidas.
Há evidências que sugerem que o uso de lítio, antidepressivos e antipsicóticos para tratar transtornos do humor em pessoas que têm risco de suicídio pode reduzir o número de suicídios consumados. Tratar a esquizofrenia com clozapina reduz o risco de suicídio.
Impacto
A morte por suicídio tem um marcante efeito emocional em todos os envolvidos. Parentes, amigos e médicos podem se sentir culpados, envergonhados e com remorso por não terem evitado o suicídio. Eles também podem sentir raiva em relação à pessoa que cometeu suicídio. Com o tempo, eles perceberão que não poderiam ter evitado o suicídio.
Às vezes, um conselheiro ou um grupo de autoajuda podem ajudar a família e os amigos a lidar com os sentimentos de culpa e de tristeza. O clínico geral ou o serviço local de transtornos de saúde mental (municipal ou estadual, por exemplo) podem ajudar a encontrar esses recursos. Além disso, organizações nacionais, como a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio (American Foundation for Suicide Prevention), mantêm endereços de grupos de apoio locais. Alguns recursos também estão disponíveis na Internet.
O efeito da tentativa de suicídio é semelhante. Porém, amigos e parentes têm a oportunidade de lidar com seus sentimentos, respondendo de forma adequada ao apelo da pessoa por ajuda.
Auxílio médico na morte (anteriormente, suicídio assistido)
O auxílio do médico na morte refere-se à assistência fornecida por médicos a pessoas que desejam terminar suas vidas. Isso é muito controverso, pois contraria o objetivo usual do médico, que é preservar a vida. No entanto, auxílio do médico para morrer é legal em 9 estados nos EUA (California, Colorado, Havaí, Maine, Montana, Nova Jersey, Oregon, Vermont e Washington) e no Distrito de Columbia. O suicídio assistido também é legal na Suíça, Alemanha, Japão e Canadá. No restante dos Estados Unidos, os médicos podem proporcionar um tratamento para minimizar o sofrimento físico e emocional, mas não podem acelerar a morte intencionalmente.
Assistência médica para morrer também é permitida por lei em alguns outros países.
Comentários
Postar um comentário