ESPECIALISTAS FALAM SOBRE TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS QUE PODEM AFLORAR DURANTE A QUARENTENA


Tédio: 5 dicas do que fazer durante a quarentena - Inpa Instituto ...

Especialistas falam sobre transtornos que podem aflorar durante a quarentena


Após isolamento em massa, humanidade nunca mais será a mesma, avaliam psicólogos


Da rotina frenética para um recolhimento profundo, incerto e inédito. A pandemia obrigou as pessoas a desacelerar, e, embora esse fosse um desejo latente do ser humano moderno, o isolamento social abrupto, cheio de medo, revirou o emocional das pessoas. 
Passadas praticamente duas semanas de quarentena em Minas e no país, a breve empolgação inicial de ficar em casa já começa a ser substituída pelo tédio e pela angustia, inflada pelos números crescentes de mortos e infectados.
Da rotina frenética para um recolhimento profundo, incerto e inédito. A pandemia obrigou as pessoas a desacelerar, e, embora esse fosse um desejo latente do ser humano moderno, o isolamento social abrupto, cheio de medo, revirou o emocional das pessoas. 
Passadas praticamente duas semanas de quarentena em Minas e no país, a breve empolgação inicial de ficar em casa já começa a ser substituída pelo tédio e pela angustia, inflada pelos números crescentes de mortos e infectados.
“Todo mundo com medo, sem saber se será infectado, se vai morrer, preocupado com pais, avós, tios. É oportunidade que a gente tem de repensar o sentido da vida. Dar atenção às pessoas que você ama”, afirma a psicóloga Liliane Mitre, para quem as pessoas levavam a vida no automático e não estão sabendo desacelerar.  “Agora que os casais têm tempo para eles e para os filhos, não estão sabendo conviver, e as brigas estão acontecendo”, diz ela. 
E o momento é de recolhimento e de instrospeção. “Cada um precisa se acolher na sua solidão, aceitar nossa impermanência na vida. E o que tenho visto é muita ansiedade, muita preocupação”, afirma psicóloga, que atende seus clientes online.
Liliane Mitre pede que as pessoas aceitem o situação, “sem brigar com a vida ou com a realidade”, e tentem controlar  emoção, pensamento, medo e ansiedade. Para ela, é tempo de ressiginificar os valores e existe uma oportunidade única para as pessoas se acolherem, se cuidarem, além de olharem para a familia, para os filhos, os maridos olharem para as esposas e vice-versa. 
Nesse contexto de home office, isolamento, todos em casa ou mesmo de solidão, é importante tirar um tempo para ficar consigo mesmo e investir na espiritualidade, seja qual for a fé. “Fé produz paciência, e a paciência produz esperança. Se a gente conseguir se cuidar, cuidar do outro e do planeta, sairemos dessa”, diz Liliane Mitre.
Impossibilitada de voltar da Colômbia, onde deu um curso, por conta do fechamento dos aeroportos, a terapeuta mineira Andrea Durso, disse acreditar que nada acontece por acaso. “Percebo que é um movimento de grande transição para a humanidade, de se reconectar com aquilo que é essencial”, avalia. Para ela, o isolamento de mais de 3 bilhões de pessoas pelo mundo sinaliza uma grande mudança, e não será mais possível 
viver como antes. 
“Cada pessoa está levando de uma maneira diferente. Eu, por exemplo, estou retida aquí na Colômbia, aguardando um voo de repatriação. E o que eu sinto é que não é à toa que eu fiquei aquí. Eu estou num lugar, no alto da montanha, tem momentos que são maravillosos. Aqui do lado tem uma fundação de adictos, então já trabalhei com eles duas tardes. Estou ensinando às pessoas tarô, eu fiz frequências de brilho, eu estou ensinando constelação para as pessoas que estão isoladas no alto dessa montanha”.
Ao mesmo tempo, ela sente angustia por estar longe da família e sem saber como ou quando voltará. E assim é com as bilhões de pessoas confinadas mundo afora: ora estão tranquilas, ora ansiosas, com tédio e preocupadas. 
“Tem pessoas que estão com medo, outras que estão se aproximando mais das familias, a maioría absoluta está se conectando com o seu coração, com o seu sentimento, e é o caminho. O caminho da cura. E, muitas vezes, o caminho da cura não é um caminho fácil”, ensina a especialista.
Frustrações no isolamento são gatilhos para transtornos
Essa desaceleração forçada no ritmo de vida pode desencadear alguns sintomas nas pessoas, especialmente as que tèm predisposição a algum tipo de doença mental ou que estejam emocionalmente vulneráveis ao momento que vivemos, diz a psicóloga Silvia Regina Días. Há grande dificuldade de lidar com as várias frustrações que esse isolamento social impõe. “Frustrações que podem gerar tristeza, raiva, intolerância, irritabilidade, insegurança e vários outros sentimentos negativos”.
Segundo ela, agora que já passaram duas semanas de isolamento social, algumas pessoas já estão incomodadas com a ociosidade, e as crianças estão ficando mais agitadas. Aqueles que estão trabalhando em casa não têm a tranquilidade suficiente para isso, o que pode gerar irritabilidade, intolerância e conflitos. Silvia diz que alguns podem desenvolver depressão, ansiedade e até sindrome do panico.
Para a psicóloga, o isolamento funciona como uma espécie de filtro na nossa vida. “Uma nova forma da gente viver com a gente, com o outro, dentro desse mundo, nesse planeta. Como evitar essa doença que é invisivel e que pode causar outros tipos de doença também, as doenças da alma, depressão, ansiedade”.  “A ordem agora é resiliência”, diz psicóloga. “Esse é um momento único no qual o ser humano tem “a chance de dar uma ressignificação aos fatos, através da tomada de consciência de que, sim, é preciso abrir mão do que vinhamos fazendo até há bem pouco tempo atrás”. 
Uma dica da profissional é evitar que as crianças e os idosos vejam excessivamente o noticiário, o que tem gerado muita ansiedade. “É para passar as informações adequadas a crianças e idosos, mas sem excesso, para que a gente diminua a angústia que a situação tem gerado neles”, ensina.
Nos casos de depressão ou outros transtornos, ela lembra que existe um movimento de vários psicólogos para atendimento voluntário ou não, com preços acessíveis e online.
“É importante que a família e o indivíduo saiba que o que vai manter o propósito da reclusão em casa é a boa comunicação, a criatividade, a boa relação consigo mesmo e com os demais que estão na casa. E isso vai depender 100% dos adultos”.
Dicas para uma quarentena mais produtiva
- A primeira coisa é  manter a rotina. Horário de acordar, alimentar, higiene corporal, home work, horário de estudos para as crianças e os adolescentes, colocando-os em atividade cerebral. Horário para brincadeiras entre as crianças e depois com os pais.
- É importante buscar novas formas da família de conviver, como jogos interativos, lembrando também que é importante evitar muitos abraços e beijos,
Agora a declaração de amor é feita com o piscar de olhos e a mão no coração.
Buscar brincadeiras antigas, leituras, músicas, dança, fazer ginástica em casa..
- Se tiver varanda, tomar sol nos horarios saudáveis, isso ajuda a manter a parte afetiva, de bom humor. Mexer com plantas também é uma ótima terapia. Trabalhos de recorte, colagem, tricô e crochê. Contar história, as crianças adora isso.
- É muito importante, conversar sobre o momento em que estão vivendo. Juntar a família e falar sobre o que está acontecendo, porque essa situação não é ferias, não discriminar e não julgar
- Dar oportunidade para cada um falar o que sente, sem discriminar e julgar. Por que está ruim? Por que está bom? O que a gente está sentindo, é vontade de chorar? Tudo bem se a gente tem vontade de chorar. A gente quer rir agora, a gente vai rir. Deu vontade de gritar agora, vamos gritar todo mundo junto? É valorizar e validar o sentimento de cada um com respeito.


Comentários